É incrível o que a Neurociência vem desvendando e comprovando. Eu, particularmente, estou apaixonada por essa ciência que tem nos ajudado a explicar através do sistema nervoso e suas funcionalidades – além de estruturas, processos de desenvolvimento e alterações – aquilo que a Psicologia tentava explicar através de estudos, observações e pesquisas. Agora ficou tudo mais “concreto” e nós, psicólogos, nos sentimos mais “apoiados” nas nossas visões.
Essa semana recebi da minha amiga Dra @gisele.couto, um estudo sobre a Neurodiversidade, realizado pela Neurodiversity and Employment Working Group, British Psychological Society. Embora óbvio, surpreendente!
A Neurodiversidade refere-se aos diferentes meios do cérebro de trabalhar e interpretar as informações. Fala sobre as pessoas que pensam de forma diferente dos neurotípicos (neurotypical), aqueles cujos cérebros funcionam e processam informações dentro da expectativa da sociedade.
O estudo, demonstrou que uma a cada sete pessoas é neurodivergente, o que inclui: Déficit de Atenção, Autismo, Dislexia e Dispraxia. A maioria das formas de neurodivergência é experimentada ao longo de um “espectro”. As conclusões são que essas formas de neurodivergência podem variar de indivíduo para indivíduo e, geralmente apresentam as características de mais de um tipo de neurodivergência.
Dessa forma, é importante que as pessoas não sejam estereotipadas de acordo com as características mais conhecidas e sim, possam ser respeitadas e tratadas com carinho pela sua individualidade.
Mas, o mais bacana nisso tudo, é que toda essa discussão traz à tona a questão do valor da diversidade dentro das organizações. O quanto que o pensamento “divergente” agrega aos processos, produtos, problemas etc nas empresas. Essa diferença permite que sejamos mais criativos, que pensemos em outras variáveis, que possamos trabalhar de maneiras diferentes e que principalmente possamos criar os “lugares de fala”, e com isso, trazer empatia.
E, não estou falando da empatia como um objeto de amor, compaixão e carinho pelo outro. Isso tudo é muito importante, mas falo também em nome do negócio, que hoje precisa conquistar o coração de TODOS os clientes, nas diversas tribos, pensamentos e estilos, na busca incessante pela sobrevivência do seu produto e serviço nesse mundo tão VUCA.
Nas minhas palestras, sempre gosto de declamar o poema do MORENO (Jacob Levy Moreno), Pai do Psicodrama, que na minha opinião, é o melhor conceito de empatia:
LEMA DO PSICODRAMA
Um encontro de dois: Olhos nos olhos, Face a face.
E quando estiveres perto, arrancar-te-ei os olhos e colocá-los-ei no lugar dos meus;
E arrancarei meus olhos para colocá-los no lugar dos teus;
Então ver-te-ei com os teus olhos e tu ver-me-ás com os meus.
Essa neurodivergência também, nos permite desenvolver novas competências, porque a partir do momento que coloco um neurotípico trabalhando ombro a ombro com uma pessoa com síndrome de Down, eu permito que ele aprenda a ter paciência, ser organizado, ser mais meticuloso e, principalmente, mais afetuoso. Na convivência, aprendemos a entender como o outro pensa e crescemos como profissional e como pessoa. Que treinamento no mundo promove essa magnitude de desenvolvimento? Apenas a experimentação da diversidade!
Contudo, a organização precisa estar preparada, madura e disposta a aprender no amor e na dor. Lembro que visitei o CHEFS ESPECIAIS CAFÉ, na Rua Augusta, cuja reportagem que me atraiu alertava: “se você não gosta de abraços, não venha nos visitar”, porque os “garçons” não resistem à vontade de abraçar seus fregueses – o espaço contrata apenas profissionais com Síndrome de Down – Me diz, existe coisa mais gostosa do que ganhar um abraço?
Foi uma experiência incrível. E pensar que a gente as vezes tem medo até de perguntar “você está bem” para um colega de trabalho, e ter o problema de ter que parar o nosso rico e precioso tempo para ouvir, caso alguém se habilite a dizer que não…
Essas reportagens me enchem de esperança e alegria. É a ciência que está falando que somos diferentes, e não um bando de psicólogos que gostam de abraçar árvore (frase que ouvi sobre nós muitas vezes). Olhe, está comprovado que somos humanos, diferentes e especiais, indivíduos! E se você quer conquistá-los seja por prazer ou business, vai ter que fazer mais do que faz hoje. Vai ter que gostar do diferente. Todos os diferentes, sem exceção. Para que você não se torne a exceção!
Estudo Neurodiversidade: (https://archive.acas.org.uk/neurodiversity)
Síndrome de Down: (http://www.movimentodown.org.br/2016/01/10-coisas-que-voce-precisa-saber-sobre-sindrome-de-down/
Café Cheffs Especiais: (https://www.tripadvisor.com.br/Restaurant_Review-g303631-d13076493-Reviews-Chefs_Especiais_Cafe-Sao_Paulo_State_of_Sao_Paulo.html)