Benice

A hora de experimentar o próprio remédio…

De consultora para cliente.

Em todos esses anos de atuação como consultora na Accenture, sempre tive o papel de levar inovação e transformação, provocando positivamente empresas a gerarem mais valor ao que já existia dentro das organizações.

Pela posição que ocupava, eu tinha acesso ao que há de mais atual no mercado sobre cases, metodologias, ferramentas, pesquisas e histórias de sucesso e insucesso. 

Deter o “conhecimento” necessário para orientar o crescimento e a construção do novo às empresas era o que mais me motivava, pois eu me sentia parte de cada história. Me sentia envolvida pela confiança, pelos resultados e pelas relações criadas a cada projeto.

No entanto, a cada processo de venda, ao ser questionada pelos clientes sobre o que funcionava e quais seriam os resultados, me despertava a preocupação. Será que o que estava indicando, era realmente o caminho correto?

Afinal, antes de um CNPJ sempre há um CPF. Sempre acreditei nisso. As empresas são feitas de pessoas e no caso da indústria de serviços, o elemento humano faz muita diferença. Ou seja, o meu papel era cumprir e honrar com a confiança depositada na minha orientação.

Meu foco sempre foram as pessoas. Sempre me conectei ao meu time e meus clientes. Acredito que esse foi o motivo de 90% deles terem se tornado meus amigos pessoais, que hoje frequentam minha casa e conhecem minha família. Independente dos desafios, criamos admiração e amor mútuos.

É incrível o que o trabalho nos permite, se você se permitir! Nesse dia a dia organizacional, louco, no qual corremos pra lá e pra cá, crescemos e temos a oportunidade de nos tornamos a cada dia mais pessoas (Carl Rogers – Tornar-se pessoa).

Hoje, 19 anos depois, estou saindo da Accenture para voltar a sentar do outro lado da mesa, que para mim é a realização de um propósito.

Ao longo da nossa jornada profissional, junto a chegada de mais maturidade e idade, é chegado o momento onde não há outra opção interna a não ser trabalhar com aquilo que nos move, o propósito. E é exatamente esse o movimento que está acontecendo para mim agora.

Já amei fortemente mudar as organizações, ir até lá e instalar o novo. Mas agora, quero trabalhar impactando a vida de pessoas e acredito que a posição de RH nos permite isso. Quando me perguntam do que entendo. Digo que entendo de gente. Porque gosto de gente, estudo gente e convivo com gente.

Olho pra trás e reconheço um legado, mas olhando para frente vejo um mar de novas oportunidades de fazer a diferença. Estou buscando aprendizado, me sinto uma trainee aos 51 anos, reaprendendo tudo e me sinto alegre em viver novas experiências com muito mais significado.

Essa é a palavra da moda: ressignificar. E estou ressignificando minha vida profissional.

Nessa mudança, optei por fazer parte do Grupo Santa Celina. Uma empresa que está crescendo muito, liderada por uma CEO que rapidamente conquistou minha admiração e que quer transformar a saúde do País. Vou cuidar de quem cuida e ajudar a crescer uma organização que tem como preocupação a saúde do outro. Tem propósito mais bonito que esse?

Contudo, sempre existe o frio na espinha. O medo do novo. Lecionei por sete anos a gestão da mudança no Insper. Sei racionalmente o que se passa no sistema límbico e também as sensações e comportamentos advindos dessa situação. Mas sou humana e como humana, decidindo essa oportunidade, sofro as mesmas dores e medo.

As respostas que busco são muitas: será que tudo que recomendei, orientei e convenci aos meus clientes serão úteis para mim? Será que toda aquela segurança do “consultor” será uma constante? Será que resistirei ao medo do novo? Será que meu “remédio” é mesmo correto para os problemas existentes nas organizações? É isso que quero experimentar. Mais do que experimentar, quero viver.

NOTA:

À Accenture, uma enorme gratidão. Sou quem sou graças a uma escola orientada à alta performance. Às pessoas da Accenture, essas como disse, são meus queridos amigos e “sobrinhos da Tia Sandra”; então nada muda. Estaremos juntos compartilhando experiências, mesmo em jornadas diferentes.

Aos Líderes que tive, muito obrigada. Mas em especial ao @Rodolfo Eschenbach. Gratidão pelo tempo investido, incentivo, suporte na minha formação profissional e por todo o apoio dedicado nos momentos muito difíceis da minha vida pessoal. Você é um exemplo de liderança que tenho orgulho de seguir. Aos meus queridos amigos e sobrinhos, se eu for destacar um a um, não caberá neste post. Mas vocês sabem o quanto os amo e o quanto sou grata por crescer lado a lado com vocês.

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