Eu venho estudando bastante neurociência e fico cada vez mais motivada com as minhas descobertas. Segundo Antônio Damasio (neurocientista) “cada vez que estudo sobre o funcionamento do meu cérebro e as emoções, mais me conheço como pessoa.” E eu venho vivenciando isso: atuo como conselheira e voluntária no #Gerando Falcões e no #recomeçar, liderada pelo meu amigo Leonardo Precioso.
Meu pai foi um policial civil espiritualizado e humanizado. É muito difícil ter essa conduta quando se vive em um mundo tão violento. Mas ele lutava contra a injustiça e tentava fazer valer o que a lei pregava. Uma frase que ele falou e praticou várias vezes foi: “no meu preso ninguém bate” (José Aluísio ou meu gordinho, como eu o chamava).
Ele falava também que todo ser humano merecia respeito enquanto indivíduo… e acho que todas essas crenças, somadas também aos valores da minha querida mãe, resultaram no que eu, minha irmã Márcia Gioffi e Janser Douglas somos hoje. Pessoas que amam e respeitam as pessoas.
Mas, voltando à neurociência, eu assisti a um TED muito interessante do neurocientista Daniel Raisel, chamado a “neurociência da justiça reparadora – 2013”. A pesquisa foi realizada por ele e pela Universidade de Londres, em uma prisão para indivíduos de alta periculosidade.
Os resultados apontaram que existe uma causa neurológica entre o comportamento desses indivíduos e o tamanho da amígdala cerebral deles (estrutura de forma de amêndoa no lobo temporal – lateral). Ela é responsável por processar nossas emoções, dentre elas a empatia. Nesse estudo, Daniel cita que o déficit na amígdala é a chave para a expressão da empatia, na qual o tamanho e a atividade são relevantes.
A amígdala nos dá a capacidade de aprender o comportamento moral, a habilidade de assimilar as interações dos outros, independente da cultura na qual estejamos inseridos.
O ambiente, estressante ou saudável, impacta sim em um comportamento sociável.
A pesquisa é incrível porque traz duas conclusões: uma é a de que as pessoas envolvidas em crimes altamente sérios tinham a amígdala menor, quando comparada com outras pessoas sem esse histórico. Isso nos abre a segunda boa conclusão: com a neuroplasticidade do cérebro, podemos treinar a amígdala, o que estimularia a criação de novas células cerebrais e conexões para lidar com o mundo.
Eu especialmente vibro com esses estudos, porque acredito no ser humano. Atrás de um ato bom ou ruim, existe uma história de vida, bem como condições neurológicas e cerebrais a serem estudadas.
A justiça tem que prevalecer e punir corretamente quem pratica atos de violência ou crime, mas podemos mudar o futuro. Podemos investir em criar sistemas prisionais que estimulem o desenvolvimento da amígdala e, assim, da empatia. Como resultado, teremos pessoas melhores, que podem ser reincluídas na sociedade, ter uma segunda chance. É claro que existem exceções, mas existem também possibilidades. Recomendo que assistam ao TED! Muito rico para aprender e refletir sobre o que estamos fazendo para uma sociedade melhor e mais segura para todos nós.
Se você gostou do tema, confira também o artigo que escrevi em Novembro: Você acredita em segunda chance?