Semana passada, diante das notícias recorrentes e tristes, confesso que senti uma falta de esperança. Voltei a um processo de não ver saída do nosso país dessa pandemia. Hospitais sem leitos, média móvel de mortes disparando, falta de vacina, ausência de um plano tático para resolver todos os inúmeros problemas que envolvem o covid, foco errado nas brigas e mais brigas políticas, fome da população vulnerável, ou devemos falar miserável… enfim.
Era quinta à noite, 18 de março.
Absorta nessa emoção, me veio tristeza e culpa muito grandes. Comecei a refletir se não era incoerente eu ficar postando mensagens, ainda que de conteúdo relevante, entrevistas e etc, enquanto o mundo – em especial o meu País – “está ao contrário e ninguém reparou. O que está acontecendo?” (Nando Reis).
Como sou uma pessoa impulsiva, que compartilha o que sente, imediatamente escrevi uma mensagem para o grupo de whatsapp RAP, a empresa do meu amigo Lucas Veríssimo . Junto com outras jovens talentosas, ele me ajuda na minha imagem e posicionamento nas mídias sociais.
A mensagem foi: “Crianças, vou propor na nossa reunião de amanhã (reunião de gestão do grupo onde definimos pautas e ações) pararmos por uns dias os posts. Estou de luto. São mais de 2 mil mortos por dia…”
Rapidamente o Lucas, respondeu: “não concordo, mas respeito”. E eu ainda complementei que estava abalada.
O fato é que, às vezes, me questiono sobre estar escrevendo temas bacanas, temas até divertidos, conteúdos que amo, sobre neurociência, liderança, cultura… enquanto está faltando amor, saúde e comida para a maior parte da nossa população. Estou cansada de me reconhecer como privilegiada e, por isso mesmo, quero ampliar minha parcela de responsabilidade de ação.
Na reunião do dia seguinte, abri meu coração. Esses jovens queridos e brilhantes me ouviram e deixaram na minha mão a decisão. Foram extremamente empáticos, quando no meio da conversa a Nath soltou a seguinte frase: “San, será que você não está deixando seu elefante tomar conta do seu menino?”
Foi um soco no estômago. Eu me arrepiei. Ela ainda completou: “você nos ensinou o quanto o nosso sistema límbico – a emoção, para nos proteger, tenta controlar a nossa razão…” Eu cheguei a me arrepiar. De verdade. Me emocionou. Ali vi o coaching reverso. O quanto uma garotada de vinte e poucos anos, super engajada no trabalho que estamos fazendo juntos, está me ensinando.
E nesse momento eu reconheci que sim, eu estava morrendo de medo. Eu estava me sentindo culpada por ter saúde, trabalho, casa e família… eu estava desistindo. E nesse “realizar” percebi que a Nath tinha toda a razão. E que ao contrário de desistir, eu tenho que direcionar meus artigos, meu conhecimento e networking para promover a ajuda.
E a ideia que me surgiu nessa conversa de coração para coração foi que vou continuar sim esse trabalho. Mas em cada artigo, em cada compartilhar de conhecimento, devo e posso fazer um paralelo com várias ONGs que existem nesse país e que estão fazendo o nosso papel e o papel do governo.
Estão lutando para manter as pessoas vivas e íntegras.
Sendo assim, a partir de hoje, vou trazer sempre uma história real, de alguém que faz a diferença nesse nosso país, além daqueles que, como vocês sabem, acompanho de perto como o Edu Lyra do Gerando Falcões e a Duci França do Cores do Mará.
Vou atrás, vou pesquisar e compartilhar diversas opções que temos para poder ajudar. Pessoas reais, super heróis que não se conformam com o que vêem e que se dedicam a mudar a realidade em que vivem. Líderes de verdade, que não estão nas empresas, mas estão na vida.
Um beijo no coração.
E se você se sentiu como eu, não desista. Muita gente depende de nós.